Lara Ely
Usada em larga escala pelas grandes corporações  brasileiras, a terceirização ou outsourcing é reconhecida como prática que ajuda  a reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços. Observada principalmente  em empresas na área de telecomunicações, mineração e indústria, tem sido vista  por muitas empresas como opção em tempos de crise.
No Brasil, mais de 86% das  companhias brasileiras têm empregado a terceirização como instrumento de  modernização de seus negócios. A utilização cada vez mais intensiva desse tipo  de processo ajuda a garantir a manutenção da competitividade e a saúde  financeira em variados setores da economia. Pesquisa realizada pelo Instituto de  Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta a existência de mais de sete milhões  de trabalhadores terceirizados e quase 950 mil empresas prestadoras de serviço.  Na última década, de cada três novos empregos registrados no País, um foi criado  pelas empresas que prestam serviços para outras companhias.
Difundida  inicialmente na Europa e Estados Unidos, após a eclosão da Segunda Guerra  Mundial, a terceirização tornou-se mais utilizada quando indústrias bélicas  tinham que se concentrar no desenvolvimento da produção de armamentos e passaram  a delegar algumas atividades a empresas de serviços. Expandindo-se para o resto  do mundo, é hoje mais do que um modo de contratar mão-de-obra, constituindo-se  em ferramenta gerencial. "Isso porque delegar operações ou atividades auxiliares  a terceiros faz com que a empresa possa focar suas atividades-fim", afirma Luis  Ciocchi, advogado e consultor sênior da TGestiona, subsidiária do Grupo  Telefônica. 
Entre os ramos de negócios que costumam terceirizar mão-de-obra,  destaca-se a área contábil. Em decorrência da complexidade da legislação e de  suas recentes alterações, o consultor projeta que a terceirização da profissão  deverá crescer no Brasil nos próximos anos. "Com tanta burocracia, é melhor  contratar um especialista na área do que tratar o assunto internamente. As  recentes alterações legais representam grande oportunidade que se cria para os  contadores, já que o Brasil é muito complexo em burocracia fiscal."
Embora  seja prática comum na atualidade, a contratação de serviços externos à  organização ainda tem muito a crescer no País. O grande desafio, na opinião de  Ciocchi, é a criação de um marco regulatório que garanta maior segurança e  credibilidade ao processo, em substituição à atual súmula 331, do Tribunal  Superior do Trabalho. Instituído para formalizar a terceirização, esse documento  está para ser regulamentado há dez anos, tempo que o projeto tramita no  Congresso Nacional. Outra iniciativa, esta do Ministério do Trabalho, deve ser  regulamentada ainda no primeiro semestre de 2009. O projeto ainda não foi  encaminhado para discussão, mas, assim que for aprovado, as empresas terão mais  segurança de investir em terceirização sem correr risco.