Christiane Samarco e Tânia Monteiro
A Petrobrás está "pronta para fazer a redução do preço" da  gasolina e do óleo diesel. Um interlocutor do presidente Luiz Inácio Lula da  Silva disse ontem ao Estado que a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,  já conseguiu "dobrar" a estatal, que resistia a baixar o preço do diesel a  partir de maio, como ela prometera aos caminhoneiros, 15 dias atrás. O anúncio  só não foi feito ainda porque a Fazenda, que também já dá como certa a redução  do preço do óleo diesel, está fazendo uma contraproposta para ver se usa o preço  da gasolina para aumentar a arrecadação do governo.
Se a Fazenda sair  vitoriosa, o problema é que o preço da gasolina pode cair para a Petrobrás sem  que nada mude para o consumidor. Isso porque o ministério da Fazenda quer elevar  a parcela da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) - um  tributo que vem embutido no preço do combustível.
O interlocutor do  Planalto diz que a solução de mexer na Cide está sendo estudada pela equipe  econômica, que quer aproveitar a queda do preço do petróleo no mercado  internacional para aumentar a receita do governo - que vem caindo por causa da  crise financeira e das desonerações tributárias. Os economistas do governo  alegam que, no ano passado, o preço dos combustíveis subiu e o consumidor foi  poupado do aumento, porque o Planalto mandou reduzir a Cide. Agora, querem que a  Petrobrás abra mão dos lucros em favor do Tesouro, anulando a redução para o  consumidor que, no entender deles, já foi beneficiado.
O preço do diesel  também deve cair na refinaria, mas, nesse caso, parte do ganho será dividida com  o consumidor via redução de preço.
A redução do preço do diesel é  considerada muito importante para ajudar a movimentar a economia e combater os  efeitos da crise internacional. Ao sair de uma reunião com o presidente Lula  ontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, declarou que a decisão sobre  os preços de combustíveis deverá sair no mês de maio. "Estamos fazendo um  esforço para a conclusão do estudo da Fazenda e da Petrobrás sobre combustíveis  agora em maio para decidir se reduz ou não (o preço)", disse o  ministro.
Um colaborador do presidente confirma que a intenção do governo  é de alterar o preço do óleo diesel. Argumenta que, para o diesel, o governo tem  uma margem de negociação. "Proporcionalmente, o preço do diesel está mesmo caro  e quando o governo tirou uma parte da Cide sobre a gasolina, não fez isso com o  óleo diesel." Outro auxiliar direto do presidente fez questão de ressaltar que a  economia do Brasil circula sobre rodas e óleo diesel, e que uma ajuda nessa área  teria um forte impacto para ajudar neste momento de crise. 
Hoje, 60% do  preço do óleo diesel é correspondente ao lucro e ao custo de produção. A  distribuição, revenda e biodiesel representam 19% do valor. O ICMS é de 13% e a  parte da Cide, juntamente com o PIS/Cofins, é de 8%.
O preço na bomba é  da ordem de R$ 2,20, em média. O último reajuste do diesel foi em 2 de maio de  2008, quando seu preço subiu 15%. No mesmo reajuste, a gasolina subiu 10%. Além  de encontro com o presidente Lula no final da tarde de ontem, o ministro de  Minas e Energia reuniu-se pela manhã com o presidente da Petrobrás, José Sérgio  Gabrielli, para discutir o assunto. Até ontem, os dois vinham resistindo à idéia  de interferir nos preços fixados pela Petrobrás.